O Globo
Dilma pressionou por privilégios à estatal a fim de amenizar denúncias
Flávia Barbosa e Gustavo Paul
RIO e BRASÍLIA.
O furacão político no qual a Petrobras se envolveu em meados de maio - quando foi instalada uma CPI para apurar denúncias que vão de superfaturamento a uma manobra tributária questionada pela Receita Federal - foi decisivo para o fortalecimento da estatal no marco regulatório do pré-sal.
Foi a partir deste episódio que a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, passou a se empenhar no fortalecimento da empresa, lhe garantiu espaço privilegiado na exploração dos campos e ainda decidiu encampar a proposta da estatal de aumento de capital.
A Petrobras viveu dois momentos distintos durante os 14 meses de elaboração do novo marco regulatório para exploração em águas profundas. Até setembro de 2008, antes da eclosão da fase mais aguda da crise econômica internacional, a empresa participava das reuniões com postura considerada arrogante.
Com o caixa cheio, abastecido pela cotação do petróleo na casa de US$ 140 o barril, a empresa fazia exigências e gerava atritos. Este ano, com o arrefecimento da crise, combalida pela falta de crédito internacional e abatida pela queda do valor do petróleo, os representantes da empresa mudaram o discurso.
Segundo integrantes da comissão interministerial que elaborou o projeto do pré-sal, a Petrobras passou a pedir que as novas regras a ajudassem a enfrentar a turbulência e vencer as dificuldades para concretizar a exploração do pré-sal, que demandará cerca de US$ 600 bilhões em 30 anos, segundo cálculos preliminares.
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