O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) voltou a criticar hoje a atuação da Petrobras na definição de projetos para os estados do Ceará e Pernambuco. Na terça-feira (25), o senador já havia criticado a estatal durante sessão da CPI que apura indícios de superfaturamento na obra da Refinaria Abreu e Lima, de acordo com auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU). Para o senador tucano, o governo Lula permanece usando "dois pesos e duas medidas quando se trata do Ceará”.
Jereissati lembrou que, no seu terceiro mandato como governador do Ceará (1998-2002), quando discutiu com a Petrobras a possibilidade de construção de uma refinaria no estado, os técnicos alertaram que um reajuste de 20% no custo inicialmente previsto para um empreendimento inviabilizaria totalmente o projeto. E indagou como o custo da refinaria Abreu Lima pode passar de R$ 12 bilhões- calculado em 2005, para R$ 23 bilhões em 2009 e ainda vai subir mais até a data de sua inauguração, prevista para agosto de 2011. Os técnicos não souberam responder.
Em contrapartida, o senador recordou o argumento da estatal para inviabilizar o projeto da Siderúrgica no Porto do Pecém, no Ceará. Para o senador, a justificativa de que houve uma alteração no preço do gás não é suficiente. "Ora no caso da refinaria de Pernambuco nós não estamos falando de um mero insumo como o gás, mas do preço do empreendimento como um todo. Mais uma vez o governo federal utiliza de dois pesos e duas medidas quando se trata do Ceará", criticou.
Em depoimento à CPI, na terça-feira (25), o gerente geral de Implementação de Empreendimentos para a Refinaria Abreu Lima, Glauco Colepicolo Legatti, disse que o custo da obra vai sair mais caro do que o previsto, mas não confirmou o superfaturamento da refinaria que está sendo construída no Pólo de Suape, localizada próxima ao Recife, e atribuiu os reajustes ao tipo de solo do local e ao excesso de chuvas na região.
O senador Tasso Jereissati questionou as explicações do gerente e disse que os reajustes no custo da obra podem provocar um sério prejuízo à estatal. "Com esse aumento, a Petrobras vai ter que rever todo seu plano. É um erro gravíssimo, porque muda todo o quadro de retorno financeiro previsto pela Petrobras. A empresa pode estar tomando um prejuízo incalculável já que esse aumento mudou o projeto inteiramente, podendo, inclusive, refletir no preço do produto final", protestou.