Em depoimento à CPI da Petrobras, nesta terça-feira, os gerentes da estatal não conseguiram explicar os motivos para a disparada dos custos de construção da Refinaria Abreu e Lima, em Ipojuca (PE). Calculado em R$ 12 bilhões (US$ 4 bilhões), em 2005, hoje o custo previsto já está em R$ 23 bilhões (US$ 12,2 bi), e não pára de crescer. Questionados pelo senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) sobre os indícios de superfaturamento, eles responsabilizaram o tipo de solo da área da refinaria e o excesso de chuvas na região na tentativa de justificar a diferença de preço.
“Os valores tiveram de ser reajustados porque fomos surpreendidos pelo volume de solo móvel, que precisou de suportes especiais para que o serviço de terraplanagem não fosse perdido com a chuva”, disse o gerente de Engenharia de Custos e Estimativas de Prazos da Petrobras, Sérgio Santos Arantes. Além dele, depôs hoje o gerente-geral de Implementação de Empreendimentos Glauco Colepicolo Legatti.
A justificativa, no entanto, não convenceu. E o presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra, destacou que “em Pernambuco todo mundo sabe que o solo da região da refinaria tem mobilidade, só a Petrobras não sabia. Também sabemos que é uma região de muita chuva, mas a maior empresa do Brasil não sabia”.
O senador Tasso Jereissati, por sua vez, lembrou que, em outras ocasiões, a própria Petrobras já admitira que um investimento se tornaria inviável quando tivesse necessidade de reajustes que superassem em 20% o valor inicialmente previsto.
Sérgio Guerra disse também que “a oposição não tem nada contra a Petrobras, ao contrário, gostaria muito que a empresa provasse que não houve superfaturamento. Nós somos contra é a PeTetização da empresa e isso está acontecendo também na Receita Federal”, afirmou numa referência às exonerações ocorridas na instituição.