O Estado de S.Paulo
Gerente diz que empresa teve de refazer previsão sobre refinaria ao descobrir que parte do solo tinha mobilidade
Leandro Cólon e Leonardo Goy, BRASÍLIA
Sob pressão da oposição, dois gerentes da Petrobrás depuseram ontem na CPI da Petrobrás e admitiram falhas no projeto inicial da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. O gerente-geral de implementação de empreendimentos da obra, Glauco Legatti, contou que foi necessário refazer a previsão do projeto em relação ao solo da região. Segundo ele, a empresa descobriu que parte do solo era "expansiva" - com grande mobilidade -, em que há dificuldades de trabalho. A descoberta contradiz o projeto inicial apresentado pela Petrobrás há mais de quatro anos.
Em nota, durante o depoimento, a empresa justificou a falha. "Somente após o início da obra, verificou-se que a quantidade era maior que a prevista. A Petrobrás, então, reviu as técnicas utilizadas", explicou.
De acordo com os senadores oposicionistas, Legatti e o gerente de custos e estimativas, Sérgio Santos Arantes, não conseguiram explicar detalhes sobre o aumento de R$ 10 bilhões para R$ 23 bilhões nos custos da obra. A refinaria é uma das principais bandeiras do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Enquanto a oposição atuou para pressionar os dois funcionários, os governistas, que detêm o comando da comissão, trabalharam para manter o depoimento no âmbito técnico. O objetivo era esvaziar a discussão política e a própria sessão.
A Refinaria Abreu e Lima, lançada em 2005, está sob suspeita desde o ano passado, quando o Tribunal de Contas da União (TCU) decidiu investigá-la. Na semana passada, o Estado revelou que recente auditoria do TCU indica um sobrepreço de R$ 121 milhões em quatro contratos da obra. A auditoria também acusa o presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli, de sonegar documentos. A análise é decorrente de uma investigação preliminar, que já havia apontado superfaturamento nos contratos de terraplenagem, que somam R$ 430 milhões.
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