“O presidente da Petrobras é o responsável por todo e qualquer desmando que atinge ou venha a atingir a estatal”, é esta a orientação do PSDB para o depoimento de José Sérgio Gabrielli na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle (CFFC) da Câmara, marcado para o dia 16 de setembro, quarta-feira. O partido adotará uma nova estratégia para nortear os parlamentares tucanos durante o depoimento.
“Essa coordenação vai envolver a bancada para que possamos obter os melhores resultados com o depoimento e satisfazer a opinião pública, que exige respostas para as denúncias que envolvem a Petrobras”, anunciou o líder do PSDB na Câmara, José Aníbal (SP).
Para o primeiro vice-líder tucano na Câmara, Duarte Nogueira (SP), membro da Comissão, a assessoria do PSDB vai montar “uma grade de perguntas” em que será possível abordar assuntos que vão além das irregularidades apontadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) na obra de terraplanagem do Complexo Petroquímico Comperj da Petrobras, em Itaboraí (RJ). O superfaturamento de 1.490% verificado em auditoria do Tribunal deu origem aos requerimentos que solicitaram a convocação de Gabrielli para depor na CFFC. Além do presidente Petrobras, serão convidados a comparecer à Comissão o presidente do TCU, ministro Ubiratan Aguiar, um representante da Controladoria Geral da União (CGU) e representantes do CTC, o consórcio que realiza as obras de terraplanagem do Comperj.
Relatórios
Os deputados Otávio Leite (PSDB-RJ) e Edson Aparecido (PSDB-SP) vão pedir cópias de todos os relatórios do TCU sobre a obra no Comperj. O envio dos documentos para a CFFC deve ser apreciado pelo colegiado na próxima semana. Segundo Aparecido, os relatórios do TCU “são fundamentais” para embasar os questionamentos dos deputados ao presidente da Petrobras. “O que nós queremos é estudar as auditorias feitas e avançar nas perguntas tendo como referência a análise feita pelo TCU”, explicou o deputado, que é membro titular da Comissão.
Para Vanderlei Macris (PSDB-SP), José Sérgio Gabrielli terá de explicar várias suspeitas de corrupção que atingem a Petrobras. “Vamos focar nas denúncias e no aparelhamento da Petrobras pelo PT e seus aliados políticos. É importante que o PSDB trabalhe para manter a estatal livre de ingerências como a que está ocorrendo na Receita Federal”, disse o deputado, e acrescentou: “As denúncias são recorrentes”.
O deputado já prepara requerimento para ouvir os 12 demissionários do Fisco, que pediram exoneração no dia 24, na mesma Comissão. Sob protesto, eles deixaram seus cargos acusando o governo de ingerência na Receita Federal.
Segundo o vice-líder Duarte Nogueira, o PSDB também espera “obter um nexo” entre as irregularidades apontadas pelo TCU e a polêmica manobra contábil da Petrobras, que permitiu à estatal compensações fiscais de aproximadamente R$ 4 bilhões. “Esperamos que ele queira esclarecer isso”, disse Duarte.
Para José Aníbal, “trata-se de uma tunga feita contra o povo brasileiro sobre a qual vamos questionar o presidente da empresa”. O artifício, descoberto na gestão da ex-secretária da Receita, Lina Vieira, pode ter colaborado para a sua exoneração em julho.