Correio Braziliense
Nova estatal pode ser usada pelo governo para acomodar políticos que apoiarem a candidatura de Dilma Rousseff
KARLA MENDES
LUCIANO PIRES
Por trás do discurso “inocente” de criar uma empresa enxuta e ágil para administrar as riquezas que serão extraídas da camada pré-sal, o governo terá nas mãos uma poderosa arma para aglutinar apoio político em torno da candidatura da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, à presidência da República em 2010. Das três propostas entregues ao presidente Lula, a que cria a nova estatal deve ter aprovação garantida no Congresso Nacional. A lógica é simples: sendo uma empresa pública regida pela Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), o governo terá liberdade plena para nomear quem quiser para a direção da companhia, sem limite de salários (leia ao lado). Assim, a “Petrosal” será um enorme cabide de empregos para as alianças que o Partido dos Trabalhadores (PT) fará tanto para eleger a ministra quanto para aprovar os outros dois projetos de lei do pré-sal.
“O passado condena. Basta olhar para as autarquias e outras estatais. Quando foram criadas a EPE (Empresa de Pesquisa Energética), a ANP (Agência Nacional do Petróleo) e a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), o discurso era ter empresas e agências enxutas. No entanto, em todas elas o número de funcionários explodiu. Esse inchaço é resultado de manobra política. Por isso, o projeto que cria a nova empresa passará fácil no Congresso”, diz uma fonte do setor, que pediu anonimato. De 2003, início do governo, a 2007 (últimos dados disponibilizados pelo Ministério do Planejamento) foram criados 57,9 mil novos cargos efetivos (veja quadro), sem contar os terceirizados.
A aposta é que a nova companhia será formada por candidatos que perderam eleições, por alguém de quem o governo espera alguma coisa e, se sobrarem vagas, por aposentados e licenciados da Petrobras.
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