Correio Braziliense
Flávia Foreque
No intuito de evitar que a CPI da Petrobras seja motivo de constrangimento para o governo, aliados do Palácio do Planalto adotaram, com ajuda da estatal, um discurso técnico e restrito aos argumentos apresentados no requerimento do senador Álvaro Dias (PSDB–PR) para a abertura da comissão parlamentar de inquérito. Na primeira semana de trabalhos da CPI, o senador Romero Jucá (PMDB–RR), relator da comissão, já deu sinais de que não será fácil para a oposição dar um tom político ao debate.
O parlamentar propôs, como primeira investigação do grupo, as denúncias de que a Petrobras adotou uma manobra tributária para pagar menos impostos — o que teria provocado um rombo de R$ 1,4 bilhão. O peemedebista conta com a assessoria de técnicos de órgãos do governo e da própria Petrobras para costurar o discurso da bancada governista e passar uma boa imagem da empresa para a sociedade. “Não há falta de estrutura, pelo contrário. Nós temos uma tropa de elite analisando os papéis”, disse Jucá. Até o momento, governo e oposição protocolaram 88 requerimentos — e a análise de 66 deles foi adiada para esta semana. O relator da CPI já aprovou convite para o comparecimento do presidente da estatal, Sérgio Gabrielli. A solicitação foi feita pelo presidente da CPI, João Pedro (PT–AM).
Blindagem
Um dos principais objetivos do governo é blindar a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, candidata do Planalto às eleições presidenciais de 2010. Daí o discurso de que a CPI precisa ter cautela diante da importância da estatal do petróleo para a economia do país. O que o Planalto não deseja é perder o controle sobre a comissão, como ocorreu há quatro anos, com a CPI dos Correios. A comissão foi criada para investigar denúncias de corrupção nas estatais, mas desviou o foco para as denúncias do mensalão — pagamento mensal a parlamentares da base aliada pelo governo.
Íntegra para assinantes Correio Braziliense