Coube à oposição a iniciativa de mudar o cenário e os atores da CPI da Petrobras. O convite a ex-secretária da Receita Federal, Lina Vieira, para prestar esclarecimentos à Comissão de Constituição e Justiça do Senado (CCJ) recoloca a importância e a gravidade dos fatos em investigação pela CPI. Recoloca também, a isenção, ou não, da Receita Federal diante da manobra fiscal adotada pela Petrobras para recolher menos impostos aos cofres públicos.
Porém e mais importante: traz a oportunidade para Lina Vieira, demitida sem causa esclarecida, contar se houve e em que grau, a intervenção da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, no sentido de pressionar e “agilizar” a investigação sobre os negócios da família Sarney. Conforme noticiou o jornal Folha de S. Paulo, no domingo.
Ontem, outro importante fato somou-se a esse: Lina Vieira reafirmou à Rede Globo de Televisão que esteve em reunião com a ministra Dilma Rousseff, no Palácio do Planalto.
Em campanha eleitoral no Rio Grande do Norte, conforme mostram os jornais locais e nacionais, a candidata escolhida por Lula – visivelmente alterada em função das perguntas, mas em seu estado normal de ação quando contrariada - nega a reunião, agendada, segundo Lina, pela própria chefe de gabinete da Casa Civil, Erenice Guerra.
A mesma que montou dossiês com gastos de cartões corporativos contra o ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso, e sua esposa Ruth Cardoso.
O movimento da oposição na CCJ hoje, responde ao cenário de terça-feira (11) na CPI, dominado pelo rolo compressor do governo para que nada acontecesse durante o depoimento de Otacílio Cartaxo, secretário interino da Receita Federal.
Visivelmente nervoso e despreparado para o embate, Cartoxo apenas seguiu um roteiro de respostas prontas, além de não saber dizer se é legal ou não a manobra fiscal adotada pela estatal para reduzir em R$ 4,3 bilhões a sua carga de impostos. A manobra foi em outubro de 2008, em pleno exercício fiscal, detectada pela então secretária da Receita Lina Vieira.
Como forma de escapar ao rolo compressor da base aliada do governo Lula na CPI, as revelações que a ex-secretária vier a fazer sobre a Petrobras e os negócios da família Sarney serão encaminhadas pela oposição diretamente ao Ministério Público.
A Petrobras é uma empresa muito importante para a economia e para o povo brasileiro para ficar à mercê de manobras, pressões e manipulações políticas, eleitorais e partidárias. É por isso que a bancada do PSDB no Senado trabalha na CPI.