A rejeição, na terça (18), de 70 requerimentos feitos pelos senadores Álvaro Dias (PSDB-PR) e Antonio Carlos Júnior (DEM-BA) na CPI da Petrobras foi o maior sinal, até aqui, de que ao governo não interessa investigar nenhum dos sete indícios de irregularidades que motivaram a criação da CPI. Os requerimentos, se aprovados, permitiriam à CPI conhecer os detalhes de diversas operações suspeitas bem como ouvir dezenas de pessoas consideradas peças-chaves para entender as suspeitas que pesam contra a empresa e que são objeto de investigação pela Polícia Federal, Ministério Público Federal e Tribunal de Contas da União.
Para o senador Álvaro Dias, autor de 21 dos 70 requerimentos rejeitados, a ação do governo dentro da CPI da Petrobras revela que não há nenhum empenho da base em obter um diagnóstico do que acontece na Petrobras. “O governo acoberta desmandos”, criticou o senador tucano. Além de rejeitar o convite para que a ex-secretária da Receita Federal, Lina Vieira, falasse à CPI e de negar o pedido para que documentos da Fundação Sarney pudessem ser analisados pela comissão, o governo, por intermédio do relator Romero Jucá (PMDB-RR)- que é o líder do governo no Senado, inviabilizou outros expedientes, impedindo que a CPI aprofunde as investigações.
Dentre os requerimentos de autoria do senador engavetados por Jucá com a ajuda de senadores governistas, estão os que pediam a convocação do ex-gerente de Comunicação da área de abastecimento da Petrobras, Geovane de Morais e o envio para a CPI da relação de todos os pagamentos, repasses e transferências de valores para produtoras de vídeo autorizados por ele. De acordo com reportagem do jornal Folha de S. Paulo, Morais repassou R$ 4 milhões da Petrobras para quatro produtoras de vídeo ligadas ao PT e contratadas sem licitação para executar filmagens de festas juninas e do carnaval baiano.
O relator Romero Jucá também foi rápido em arquivar um requerimento do senador Álvaro Dias que pretendia ouvir os promotores João Guimarães Júnior e José Carlos Blat para esclarecer as denúncias de doações irregulares da Petrobras para a Cooperativa Habitacional dos Bancários (Bancoop). Em depoimento feito à Comissão de Defesa dos Direitos do Consumidor da Assembléia Legislativa de São Paulo, em junho de 2008, José Carlos Blat afirmou que a Bancoop “é uma organização criminosa usada para financiar campanhas eleitorais do PT”. As declarações do promotor foram publicadas no jornal O Estado de S. Paulo. A Bancoop foi fundada em 1996 pelo atual presidente do PT, Ricardo Berzoini.