O Globo
Presidente da estatal passou a ficar mais em Brasília e faz reuniões com aliados para armar a defesa na comissão
Bernardo Mello Franco e Leila Suwwan
BRASÍLIA. Apesar de estar na condição de investigada, a Petrobras montou um aparato para tentar ditar os rumos da CPI no Senado que apura denúncias contra a estatal. Nos bastidores, seus dirigentes têm instruído cada passo da bancada governista, em reuniões técnicas e políticas que envolvem até o presidente da companhia, José Sérgio Gabrielli. A estratégia para depoimentos e votações é definida em encontros às segundas-feiras. A estatal tem orientado os senadores a acelerar os trabalhos, limitar o foco da investigação e barrar ofensivas da oposição.
Segundo a Petrobras, cerca de 40 funcionários foram recrutados em diferentes setores da companhia para se dedicar exclusivamente à CPI. A estatal já pagou R$ 1,08 milhão à empresa Companhia da Notícia, que foi contratada sem licitação, a título de assessoria emergencial. A articulação política é conduzida pessoalmente por Gabrielli, que passou a deixar a sede da empresa dois dias por semana para despachar em Brasília.
Na última terça, o presidente da estatal encerrou o expediente na capital federal com um jantar na casa do líder do PTB, Gim Argello (DF). Estavam na mesa o relator da CPI, Romero Jucá (PMDB-RR), e o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL). O quinto comensal era o presidente da BR Distribuidora, José Eduardo Dutra, que tem usado as credenciais de ex-senador para acompanhar as sessões da CPI entre os aliados, no plenário da comissão.
Ex-diretor da estatal, o senador Delcídio Amaral (PT-MS) afirma que a parceria entre Petrobras e aliados tem deixado a oposição com pouca margem de manobra. - A mesa diretora da CPI está bem preparada e organizada. Faz reuniões prévias, organiza a pauta e restringe o trabalho às questões que levaram à criação da comissão. A Petrobras, nesse processo, tem sido muito proativa - diz o petista. Relatoria ficou com líder do governo no Senado A preocupação em manter a CPI sob rédea curta motivou a entrega da relatoria ao líder do governo no Senado, num acúmulo de funções incomum no Senado. Jucá é só elogios para a participação de Gabrielli nas reuniões fechadas.
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