Correio Braziliense
Produtores acusam a estatal de recusar petróleo de campos menores para não estimular a concorrência
Karla Mendes
A Petrobras está boicotando a compra de petróleo de pequenos produtores. O argumento usado pela companhia é o de que não tem condições de fazer o tratamento do óleo. O principal motivo da recusa, no entanto, seria a decisão política da direção da empresa de não estimular a concorrência de novos produtores. “Existe uma disputa política na Petrobras, que, apesar de ter condição de fazer o tratamento do óleo, tem a orientação de não negociar com os independentes”, afirma um produtor que pediu anonimato por temer represálias. “Eu conheço bem a Petrobras e sei o quão rancorosa ela é”, diz.
A situação é tão complicada que, na 10ª rodada da Agência Nacional do Petróleo (ANP), muitas empresas desistiram dos lotes arrematados, preferindo pagar a multa prevista em lei em vez de assumir investimentos sem a garantia de compra da produção. “É complicado. Ao assumirmos o direito de exploração, é preciso ter para quem vender. Se não há o principal cliente, estamos falando de investimentos sem retorno”, assinala o mesmo produtor.
Para Adriano Pires, professor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), é uma bobagem a estatal boicotar os independentes, que respondem por 3,5% da produção total de petróleo do país, por vê-los como ameaça ao seu domínio de mercado. “Esses produtores nunca serão significativos, porque só existe um comprador: a Petrobras. Nem mesmo exportar eles conseguem, devido aos problemas de logística”, ressalta. Em outros países, acrescenta Pires, há uma relação melhor entre produtores e compradores. “O problema no Brasil é que entre os produtores independentes e a Petrobras (donas das refinarias) há a política.”
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