Para que a economia brasileira seja descarbonizada e esteja pronta a ser competitiva no mundo de 2020, o maior investimento necessário será em educação, pesquisa científica e no engajamento das empresas no processo de inovação tecnológica. Em paralelo, as riquezas do pré-sal têm que financiar a transição para outra matriz energética, aproveitando as vantagens comparativas do Brasil em biomassa, pequenas hidrelétricas, energia solar e eólica. "O pré-sal é uma benção, uma riqueza, mas é o passado", diz nesta entrevista o economista e professor Sérgio Besserman Viana.
Besserman, que fez longa carreira no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e presidiu o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) durante o governo Fernando Henrique, assina o capítulo "A Sustentabilidade do Brasil" do livro "Brasil pós-crise - Agenda para a Próxima Década", organizado pelos economistas Fabio Giambiagi e Octavio de Barros. A obra, que acaba de sair (Editora Campus, 384 páginas, R$ 89), pretende estimular "propostas para que o Brasil de 2020 seja muito melhor que o de 2010". Reúne textos de economistas e gente que pensa o Brasil. Coube a Besserman, junto com o colega José Eli da Veiga e o cientista político Sérgio Abranches, inserir os contornos da temática ambiental nesta pauta.
Os autores dizem ter tentado "introduzir na lógica econômica a consciência de que existem limites naturais em um planeta finito". Eles explicam como enxergam o futuro: "A agenda do século XXI será presidida pelas escolhas sobre como considerar as perdas de capital natural", dizem os autores. "E, nos próximos anos, as principais decisões na economia, na governança e na política mundial dirão respeito à intensidade, à velocidade e à forma como os custos da descarbonização dos processos produtivos e modos de consumo serão internalizados na economia de mercado".
Íntegra no Valor, para assinantes