sábado, 25 de julho de 2009

A CPI deve ser encarada como uma auditoria na contas da Petrobras

A oposição sabe que os argumentos empregados pelo governo para protelar a CPI da Petrobras são insustentáveis, o mesmo pensa o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Adriano Pires, D.Sc. em Economia Industrial pela Universidade de Paris XIII (1988) e economista pela UFRJ (1981), ex-assessor do Diretor-geral da Agência Nacional de Petróleo (ANP) e também ex-superintendente da instituição nas áreas de Importação, Exportação e Abastecimento. Adriano Pires é fundador do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura (CBIE) e consultor no mercado de emergia e petróleo.

Acompanhe o que disse o especialista em entrevista ao blog:

Blog- Existe alguma verdade nos argumentos do governo?

AP- Não existe nenhuma verdade. Ao contrário, a CPI tem de ser vista como uma espécie de auditoria nas contas e na política da Petrobras. Portanto, os resultados da CPI só vão valorizar a empresa e dar maior segurança aos investidores. A CPI, se bem conduzida, pode ajudar a dar início a uma gestão com um maior cunho técnico do que político na Petrobras. Blog- Identificar que a empresa opera com empresas que têm endereço em canis, que financia festas juninas, que não investiga a real destinação do seu patrocínio são fatos que precisam ser apurados.

Blog- Qual a sua opinião sobre as notícias divulgadas pela imprensa sobre a Petrobras?

AP- Num regime democrático e se tratando de uma empresa estatal é um direito de todo cidadão ter o conhecimento claro de como os gestores atuais da Petrobras usam os recursos que no limite pertencem a população brasileira. Tudo deve ser apurado.

Blog- O investidor do mercado de petróleo é, por tradição, esclarecido, bem informado e que não age no curto prazo das disputas políticas. Uma CPI para investigar a Petrobras afetaria o interesse destes investidores em relação ao Brasil?

Não existe qualquer correlação entre a CPI e o apetite dos investidores. O que afeta o apetite são as mudanças que o governo promete fazer na atual legislação do petróleo. Isso porque parece que a idéia do governo é abandonar um modelo de uma maior liberdade de mercado e total transparência para um outro com um grande grau de intervencionismo e pouca transparência.