O presidente de Honra do PSDB, Fernando Henrique Cardoso, disse nesta quinta-feira que são mentirosos os que afirmam ou insinuam que ele tentou privatizar a Petrobras. “Não há uma só evidência de que houve essa tentativa”.
Ele acusou o atual diretor da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Haroldo Lima, de mentir durante entrevista dada ao programa Roda Viva da TV Cultura na última segunda-feira. Lima afirmou que o governo anterior queria privatizar a estatal. “Ele não tem autoridade moral. É mentira”, disse o ex-presidente da República.
Segundo FHC, a intenção de privatizar a Petrobras nunca existiu. Ele mencionou carta que enviou ao presidente do Congresso, José Sarney, escrita no dia 8 de agosto de 1995. Nela, o então presidente informava ao senador que, no projeto do marco regulatório do petróleo que enviaria ao Congresso, iria propor que a Petrobras não fosse passível de privatização.
O PSDB manteve o monopólio da União sobre as reservas de petróleo. O governo tucano modernizou o setor ao permitir que outras empresas pudessem atuar na exploração do petróleo encontrado na costa brasileira.
Em entrevista, nesta quinta, à rádio CBN, o ex-presidente de Honra do PSDB fez ponderações sobre alguns dos projetos enviados pelo governo Lula ao Congresso e que tratam do pré-sal.
Preocupado em que o país garanta a competição no setor, Fernando Henrique fez ressalvas quanto ao modelo de partilha pretendido pelo governo, o que substituiria o bem-sucedido modelo de concessão adotado pelo Brasil em sua gestão. “Eu não tenho posicionamentos dogmáticos mas acho que não haverá competição”.
Para ele, não há razão para se criar uma nova estatal em razão das descobertas. “Eu não vejo sentido nisso. A nova empresa não vai operar o sistema. Para isso existe a ANP. Não entendo a razão disso”, afirmou.
Na opinião de FHC, a maior transformação que o pré-sal pode realizar no país não tem a ver com fazê-lo exportador de petróleo e sim em fazer surgir uma indústria que possa empregar e desenvolver ainda mais o setor. “Há que se ver também os gargalos que o país terá, como o da Educação e o da Saúde”, disse, referindo-se às necessidade de se investir nas duas áreas.
O ex-presidente da República também criticou o debate “a toque de caixa” sobre o pré-sal como pretende o governo Lula. “Estamos falando de ganhos para as gerações futuras. Teremos muito tempo para debater. De outra forma, cheira a coisa eleitoral”, lamentou.