quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Por uma política de inovação tecnológica

O Estado de São Pualo

Glauco Arbix, João Alberto De Negri e Evando Mirra de Paula e Silva

De positivo, as descobertas do pré-sal reacenderam as esperanças de um longo e duradouro ciclo de desenvolvimento econômico e social. De negativo, o debate público de curto prazo dificulta o equacionamento do déficit educacional, científico e tecnológico, responsável em grande parte pelo nosso atraso. Os benefícios do pré-sal somados ao potencial de nossos recursos renováveis - em que se destaca o etanol -, mais as possibilidades de armazenamento em águas profundas de grandes quantidades de carbono, de modo a mitigar efeitos do aquecimento global, formariam um poderoso tripé capaz de alavancar um longo ciclo de desenvolvimento.

Sua efetividade, porém, exige que tanto o setor público como o privado se mantenham obsessivamente orientados pela busca permanente da qualificação dos recursos humanos e da inovação tecnológica.

O pré-sal abre uma janela de oportunidade para que a Petrobrás dê um salto em seu domínio tecnológico e que firmas nacionais se transformem em empresas de classe mundial. A produtividade das firmas na indústria é especialmente afetada pelos rendimentos crescentes de escala. Nesse sentido, as compras da Petrobrás serão suficientes para estimular as firmas brasileiras a construírem um padrão de competitividade global. Para isso uma política industrial do pré-sal não se pode restringir à definição de um nível mínimo de conteúdo nacional, pois as empresas estrangeiras aqui instaladas não elevarão a competitividade brasileira automaticamente.

Glauco Arbix, professor da Universidade de São Paulo, é coordenador do Observatório da Inovação do Instituto de Estudos Avançados (USP)
João Alberto De Negri é pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)
Evando Mirra de Paula e Silva, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), é diretor da Academia Brasileira de Ciências


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