Valor Econômico
Esvaziada pelo governo, CPI da Petrobras é abandonada pela oposição
Cristiane Agostine, de Brasília
O governo pretende encerrar no próximo mês a CPI da Petrobras, instalada no Senado. A etapa de tomada dos depoimentos terminou ontem e no dia 10 de novembro o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, deverá prestar os últimos esclarecimentos sobre a estatal à comissão. A oposição desistiu de investir na CPI como forma de tentar atingir o governo federal e poderá deixar a comissão, sob a alegação de que os governistas impediram a investigação de supostas irregularidades cometidas pela empresa.
O esvaziamento da comissão, articulado pelo PT e PMDB, deu certo e irritou os senadores do PSDB e do DEM. "Não há mais sentido em continuar na CPI. Os governistas controlam a comissão e nos colocaram algemas", reclamou o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), autor do pedido de criação da comissão de inquérito. "O governo dominou completamente a CPI e 'matou' a investigação", disse Tasso Jereissati (PSDB-CE). "Não deixam nem a transmissão das sessões pela televisão", completou Tasso.
Pouco mais de dois meses depois do início das investigações da CPI, senadores da oposição declararam ontem que poderão recuar ainda mais nas investigações. Ao tomarem conhecimento de que o gerente-executivo de Serviços da Área de Exploração e Produção da Petrobras, Erardo Gomes Barbosa, não participaria da sessão de ontem, contrariando o roteiro de trabalho aprovado, Álvaro Dias, Sérgio Guerra (PSDB-PE) e Antonio Carlos Magalhães Júnior (DEM-BA) retiraram-se da reunião. "Nós só podemos ouvir os dirigentes que a Petrobras deixa", reclamou Dias. "Isso aqui é uma encenação, não é uma CPI. Nos retiramos para denunciar a farsa", disse.
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