O Globo
Líder do partido concorda com reivindicação; governo pode perder ampla maioria que manteria comissão sob controle
Bernardo Mello Franco
BRASÍLIA. Os planos do governo para controlar a CPI do MST devem esbarrar na oposição de boa parte da bancadado PMDB, o principal partido aliado do Palácio do Planalto no Congresso. Dono da maior bancada na Câmara e no Senado, o PMDB já admite ceder parte de suas vagas na CPI a parlamentares ruralistas do partido, que não escondem a antipatia pelo MST e condenam o repasse de verbas federais a entidades ligadas ao movimento. Com isso, a tendência é que parte do PMDB se alie à oposição nas críticas aos sem-terra e ao Ministério do Desenvolvimento Agrário.
Pressionado pelos ruralistas, o líder peemedebista na Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (RN), adiantou ontem que já decidiu indicar representantes do agronegócio para integrar a CPI.
- O segmento ruralista é muito forte no PMDB e já pediu parte das cadeiras. Não teremos preconceito contra os colegas que representam o agronegócio - afirmou.
Os ruralistas exercem grande influência sobre a bancada do PMDB. A força do grupo é maior na Região Sul, berço do MST. Lá foram eleitos o ministro da Agricultura, o deputado licenciado Reinhold Stephanes (PR), e o atual presidente da Frente Ruralista, deputado Valdir Colatto (SC). Desafeto do MST, o catarinense disse que o líder do partido já prometeu uma das vagas a ele.
- Vamos lutar pelo nosso espaço.O PMDB precisa indicar quem conhece e atua no setor.
Seria ridículo dar as vagas a quem não tem nada a ver com o agronegócio - disse Colatto.
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