Os dois pesos e as duas medidas com os quais o senador Romero Jucá (PMDB-RR) trabalha na relatoria da CPI da Petrobras ficam evidentes ao se constatar a autoria dos requerimentos rejeitados e dos aprovados pela caneta do relator.
De acordo com os relatórios disponíveis no site do Senado que abriga informações sobre a CPI, entre os dias 6 e 25 de agosto, Jucá aprovou 57 requerimentos de autoria dele mesmo e do senador João Pedro (PT-AM), presidente da comissão.
O mesmo critério de aprovação, no entanto, não foi usado quando os pedidos tinham a assinatura de senadores da oposição, como Alvaro Dias (PSDB-PR) e Antônio Carlos Jr. (DEM-BA). No mesmo período da aprovação dos 57 requerimentos, o relator rejeitou 75 petições dos oposicionistas.
Dentre os requerimentos engavetados, estavam os que pediam, por exemplo, a relação detalhada de todos os pagamentos, repasses ou transferências realizados pela Petrobras relacionados ao incentivo à produção de biocombustíveis. Ou referentes à incorporação de empresas, operações da Polícia Federal e prestações de contas e notas fiscais da Fundação Sarney.
Outros pedidos arquivados referem-se à convocação de ex-funcionários da estatal, empresários envolvidos em suspeitas de fraude em licitações, promotores e procuradores.
De acordo com o senador Alvaro Dias, a rejeição "em bloco" de requerimentos com assinatura oposicionista foi um dos primeiros sinais de que o governo não pretendia investigar as irregularidades. "Uma estratégia torpe que visou impedir qualquer apuração mais aprofundada de graves fatos", afirmou o senador ao blog.